Um verso quase pessoano a propósito do caso quase clínico, de um homem que andou a roubar os portugueses, tempo demais, sem que ninguém tivesse o descaramento de o parar antes que fosse tarde. É agora outra vez notícia, ocupando intensivamente os comentários na imprensa escrita e falada, uma vez que acabou de sair a acusação por parte do Ministério Público, em que Ricardo Salgado é acusado de 65 crimes, juntamente com mais 18 pessoas e 7 empresas de crimes económico-financeiros.
Ricardo Salgado chegou a ser apelidado em tom de chalaça: "o dono disto tudo". E não é que foi mesmo!? Esteve mais de 20 anos não apenas na liderança de um banco, mas de um império, a que alguns chamam “Polvo”, sendo ele a cabeça, il cappo della famiglia.
Sabe-se quase tudo sobre a família materna de Ricardo Salgado, os Espírito Santo, e quase nada sobre as origens da família paterna, os Salgado. O seu pai foi durante três décadas administrador da Companhia de Seguros Bonança, onde Marcello Caetano trabalhou antes de assumir a Presidência do Conselho depois de Salazar cair da cadeira. Um tio, José Manuel Salgado, foi o director do Serviço de Informações da Legião Portuguesa, gerindo uma vasta rede de informadores, ou bufos na nomenclatura popular. Outro tio, Francisco Cardoso Salgado, trabalhou 25 anos na censura, no lápis azul na nomenclatura jornalística. Foi ele que analisou Seara de Vento, de Manuel da Fonseca, e proibiu a reedição do livro, incomodado com a falta de uma lição moral ou de um arrependimento do protagonista, Palma: "Cometendo aqueles crimes de morte por vingança e resistindo em luta armada auxiliado pela sogra, contra os elementos da ordem, tem um fim de exaltação subversiva criando um mito a heróis, pela causa justa da luta de classes e reivindicações sociais e porque no final da obra não apresenta nenhuma justificação ou arrependimento moral, mas antes sim uma confirmação das directivas comunistas".
Sobrinho-neto do fundador do Banco Espírito Santo (BES), Salgado foi escolhido para liderar a área financeira do Grupo Espírito Santo (GES), em 1991, chegando a essa posição pouco antes da primeira fase de privatização do BES, em que a família queria recuperar o banco depois de ter perdido quase tudo com as nacionalizações de 1975. Ao longo de duas décadas, foi sob a liderança de Ricardo Salgado que o banco da Família Espírito Santo se tornou o terceiro maior de Portugal, com o banqueiro a concentrar em si cada vez mais poder, decidindo os negócios da família, mas também influenciando a vida nacional: política, artística e científica. Tanto era assim que em julho de 2013, Ricardo Salgado teve a sua última honraria, ao ser distinguido com o doutoramento 'honoris causa' por serviços prestados à economia, cultura, ciência e à universidade, pela Universidade Técnica de Lisboa.
Pois, mas em julho de 2014, Ricardo Salgado é detido pela primeira vez no âmbito da operação Monte Branco, que investiga a maior rede de branqueamento de capitais descoberta em Portugal. Desde então, foi uma avalanche de casos e processos que desabaram não apenas em Portugal, como um pouco por todo o mundo, vários outros processos não só criminais, mas também de índole administrativa, com contra-ordenações umas atrás das outras. Não faltaram processos instaurados contra Ricardo Salgado, mas também a vários antigos gestores do BES, e mais alguns cúmplices. Tudo indica que este é o primeiro de outros que hão de vir.
Na época medieval os seus membros eram agricultores proprietários de suas pequenas terras. Com o passar do tempo viram que eram vulneráveis aos poderosos senhores feudais donos de grandes terras, os quais usavam de actos criminosos para obter as terras dos demais. Vários camponeses se uniram e lutaram juntos para vencer os poderosos donos de terras. Com o passar do tempo outras pessoas se juntaram aos camponeses, com o mesmo fito de se protegerem. Da Itália, este esquema de "protecção forçada" espalhou-se principalmente para os Estados Unidos da América. A palavra "mafia" foi tirada do siciliano mafiusu, de origem árabe mahyas, que significa "alarde agressivo, jactância" ou marfud, que significa "rejeitado". Um homem mafiusu, no século XIX, significava alguém ambíguo, arrogante, mas destemido; empreendedor; orgulhoso. A associação da palavra com a sociedade criminosa foi feita em 1863 com a peça, I mafiusi di la Vicaria (O Belo Povo da Vicaria) de Giuseppe Rizzotto e Gaetano Mosca, que trata de gangues presos na prisão de Palermo.
As palavras mafiusu ou mafiusi (plural) não são mencionadas na peça.
O uso do termo "máfia" foi posteriormente apropriado pelos relatórios do governo italiano a respeito do fenómeno da criminalidade. A palavra "mafia" apareceu oficialmente pela primeira vez em 1865 num relatório do prefeito de Palermo, Filippo Antonio Gualterio. Leopoldo Franchetti, um deputado italiano que viajou à Sicília e que escreveu um dos primeiros relatórios oficiais sobre a "máfia" em 1876, descreveu a designação do termo "Mafia": "o termo máfia encontrou uma classe de criminosos violentos pronta e esperando um nome para defini-la e, dado ao caráter e importância especial na sociedade siciliana, eles tinham o direito a um nome diferente do utilizado para definir criminosos comuns em outros países."
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