domingo, 7 de fevereiro de 2021

Dos afetos: amor, amizade, morte

 




A ironia e a morte são das coisas humanas mais certas. Mas ao mesmo tempo mais incertas quanto à sua duração. Três propriedades humanas que não encontram mais nenhuma que as supere quanto a frustração de expectativas.

São relações que se estabelecem entre as pessoas, cuja intensidade varia muito, mas mesmo as mais fortes podem ser quebradas. E, se bem que algumas relações podem ser retomadas depois de desfeitas, outras nunca mais se renovam, sobretudo as mais fortes. É obra da Fortuna sobre a qual não temos nenhum poder, sejamos fortes ou fracos segundo a nomenclatura nietzschiana. Apesar de um dos milhentos aforismos de Nietzsche subscrever a máxima popular: “Dos fracos não reza a História”, isso não é bem assim. Os fracos também contribuem para a História. Por exemplo, para Nietzsche os cristãos são uns fracos, e, todavia, já lá vão 2021 anos determinados por Eles.

Os que se zangaram podem reconciliar-se; os que foram ofendidos podem perdoar. Mas quando o desejo de reconciliação passa por querer agradar, a disponibilidade para aceitar esse desejo diminui. Em boa verdade, a não ser com farsa e hipocrisia, a renovação de uma amizade que se desfez é praticamente impossível.

Tudo tem o seu tempo.

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