Esta é uma, de entre as muitas frases de Pablo Hasél, que se podem respigar, espalhadas pela internet. Pablo Hasél – Hasél é pseudónimo artístico, escolhido por ele quando começou a gravar – que em criança frequentou um colégio de Jesuítas, e o seleto clube de ténis local, há muito que é visto por alguns conterrâneos como um controverso narcisista que gosta de aparecer. Hasél, nome que o rapper Pablo Rivadulla terá encontrado num livro de contos árabes, quem o conhece diz que tem uma autoestima muito elevada, e pensa que está acima do bem e do mal. Julga-se dono da verdade absoluta. Curiosamente, acantonou-se na Universidade para evitar a prisão, mas nunca frequentou a mesma como estudante, por ter escolhido outra via de intervenção na sociedade e cultura espanhola. Foi com 'Esto no es el paraíso', que saltou para o cenário underground do hip-hop espanhol. Na origem da onda de contestação violenta, que varreu sobretudo Barcelona, estão 64 tweets que Pablo escreveu entre 2014 e 2016 e pelos quais foi condenado. Em Portugal, mais de cem artistas e outros profissionais da Cultura assinaram um manifesto e uma petição pública de apelo à libertação de Pablo Hasél, e a exigir que o Governo português "se distancie da condenação do artista".
O Id, o inconsciente, é definido por Freud como um sistema composto por representações instituídas por meio do recalcamento. Inconsciente e recalcamento são conceitos indissolúveis e correlacionados, pedra angular sobre a qual repousa toda a estrutura da psicanálise. A principal função do Ego é procurar atender e aplacar as exigências constantes do Id e a vontade moral do Superego. Há muitos conflitos entre o Id e o Ego, pois os impulsos não civilizados do Id estão sempre querendo expressar-se. Freud destacava que os impulsos do Id são muitas vezes reprimidos pelo Ego por causa do medo de castigo. Ou seja, o Ego pode coibir os impulsos inaceitáveis do Id. Porém, visto que o indivíduo não pode sobreviver obedecendo somente aos impulsos do Id, é necessário que ele reaja realisticamente ao seu ambiente de convívio. O conjunto de procedimentos que leva o indivíduo a comportar-se assim, é o Ego. O Ego é, portanto, mais realístico do que o Id, visando sempre filtrar as consequências dos impulsos inconscientes do Id.
Entende-se por autoestima a avaliação que a pessoa faz de si mesma; expressa uma atitude de aprovação ou de repulsa e até que ponto ela se considera capaz, significativa, bem-sucedida e valiosa para o Si e para o meio em que vive. Trata-se tanto do juízo pessoal de valor expresso nas atitudes que o indivíduo tem consigo mesmo, quanto de uma experiência subjetiva que pode ser acessível às pessoas através de relatos verbais e comportamentos observáveis. A ideia de autoestima naturalmente vai variar em função do paradigma psicológico que o aborde. Desde o ponto de vista da psicanálise, a autoestima está intimamente relacionada com o desenvolvimento do Ego. Freud utilizava a palavra alemã Selbstgefühl, especificando que tem dois significados: Sentimento de Si (consciência de uma pessoa a respeito de si mesma); Sentimento de Estima de Si (vivência do próprio valor a respeito de um sistema de ideais). Este segundo significado é a autoestima em Freud. Uma parte do Sentimento de Si é primária, o resíduo do narcisismo infantil; outra parte brota da omnipotência corroborada pela experiência (o cumprimento do ideal do Eu), e uma outra da satisfação da líbido de objeto. Para os fins de pesquisa empírica, a autoestima é tipicamente avaliada por um questionário de autoavaliação que produz um resultado quantitativo. A validade e confiabilidade do questionário são estabelecidos antes do uso.
De finais dos anos 1960 até ao início dos anos 1990, foi assumido como questão de facto que a autoestima de um estudante era um fator crítico nas qualificações obtidas na escola, em seus relacionamentos com os colegas, e em seus sucessos posteriores na vida. Uma revolução teve lugar no vocabulário do self. Palavras que implicam confiabilidade ou responsabilidade – autocrítica, abnegação, autodisciplina, autocontrolo, modéstia, autodomínio, autocensura e autossacrifício – passaram fora de moda. A linguagem mais favorecida passou a ser aquela que exaltasse o indivíduo: autoexpressão, autoafirmação, autoindulgência, autorrealização, autoaceitação, e a onipresente autoestima.
Pesquisas recentes indicam que insuflar a autoestima dos estudantes por si mesma não tem efeito positivo sobre a qualificação dos mesmos. Um estudo demonstrou que o efeito pode ser justamente o contrário. Não é claro se uma leva necessariamente à outra. O nível e a qualidade da autoestima, embora correlacionados, não são sinónimos: autoestima pode ser elevada, mas frágil - narcisismo; e baixa, porém segura - humildade. Um agressor; um violador; um difamador; um troll da internet; um bullie - agem da forma que agem devido a uma injustificada autoestima elevada. Criminosos violentos, frequentemente, se descrevem como superiores aos outros - em especial, como pessoas de elite, que merecem tratamento preferencial. Muitos assassinatos e ataques são cometidos em resposta a golpes contra a autoestima, tais como insultos e humilhação. Para ser mais preciso, muitos perpetradores vivem em ambientes onde insultos são muito mais ameaçadores do que a opinião que têm de si mesmos. Desonrar alguém pode ter consequências tangíveis e mesmo acarretar risco de perder a vida. A mesma conclusão emergiu dos estudos de outra categoria de pessoas violentas. É relatado que membros de gangues de rua possuem opiniões favoráveis sobre si mesmos e recorrem à violência quando estas avaliações são contestadas. Bullies dos recreios escolares consideram-se superiores às outras crianças; e baixa autoestima é encontrada entre as vítimas dos bullies, não entre os próprios bullies. Grupos violentos têm um sistema de crenças público, que enfatiza a sua superioridade sobre os demais.
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