quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Vacina à covid-19 – Balcãs – Leste Europeu – China



A China tornou-se o principal ator estrangeiro na região dos Balcãs, sobretudo na Sérvia, onde tem investido milhares de milhões para garantir influência e controlo económico. Ora, essas relações permitiram à Sérvia adiantar-se na campanha de vacinação contra a covid-19. A Sérvia já vacinou mais de 6% da população, que anda à volta de sete milhões (Portugal 3,32%), uma percentagem que só é ultrapassada na Europa pelo Reino Unido. Não podendo contar com Bruxelas, a Sérvia virou-se para Oriente: o país quer entrar na UE, mas é também uma aliada da Rússia, e agora uma amiga da China. O país começou a vacinar a sua população contra a covid-19 a 24 de dezembro com vacinas da Pfizer. Mas desde então esse impulso ocidental parou. A esmagadora maioria das 1,1 milhões de doses importadas pelo governo de Belgrado são da Sinovac, a vacina feita pela Sinopharm, empresa que tem o apoio do Estado Chinês, e também da vacina russa Sputnik V.

A Macedónia do Norte não conseguiu negociar diretamente com a UE e para já depende única e exclusivamente de uma doação da Bulgária. A Bósnia Herzegovina começou negociações paralelas com a Rússia e a China. Montenegro, por outro lado, passou de depender a 100% do COVAX para negociar diretamente com os fabricantes das vacinas: fecharam um acordo com a Sinopharm e estão a considerar a vacina russa. A Ucrânia, por outro lado, já rejeitou fazer negócios com a Rússia, mas também ainda não conseguiu fechar um acordo com Bruxelas ou com os Estados Unidos. Logo, virou-se para a China: encomendou 1,9 milhões de doses da Sinovac e está à espera das 8 milhões de doses do COVAX. No Cáucaso do Sul a situação não é melhor: Arménia e Geórgia não têm conseguido garantir acesso às “vacinas ocidentais”, mas também não confiam por aí além na Sputnik V. Por isso, a Geórgia disse que ia esperar até que os “testes necessários” estivessem concluídos antes de se comprometer com a vacina russa. E a Arménia fez uma encomenda simbólica para apenas pequenos grupos de risco. Na região, só o Azerbaijão está a beneficiar de Moscovo: rejeitou a oferta chinesa da Sinovac, e mandou vir quatro milhões de doses russas, dependendo da aprovação da vacina pelos reguladores.

Em vez de dizer que as fronteiras do continente europeu a leste são indistintas, eu retiraria a palavra continente e ficava apenas com Europa, aquela designação dos gregos antigos e Heródoto:
"A Deusa que foi raptada e levada para Ocidente no dorso de um touro branco". 
É claro que, como é um conceito cultural, a Europa é uma longa história de consciência de si própria. Eu aqui vou incluir no meu conceito de Leste Europeu o conceito de Balcãs com os seguintes 9 países - Eslovénia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Albânia, Sérvia, Kosovo, Macedónia do Norte, Bulgária; e mais 9 países a leste até ao Cáucaso - República Checa, Eslováquia, Hungria, Roménia, Moldávia, Polónia, Bielorrússia, Ucrânia e Rússia até aos Urais. E não incluiria os países do Cáucaso (Geórgia, Azerbaijão e Arménia).




Destes Estados do Leste Europeu não têm como língua oficial uma das línguas eslavas a Hungria, onde se falam línguas urálicas; e a Moldávia e a Roménia que falam línguas latinas. Por outro lado, quanto à escrita - Rússia, Ucrânia, Bielorrússia, Bulgária e Macedónia - utilizam exclusivamente o alfabeto cirílico. Sérvia, Bósnia-Herzegovina e Montenegro - utilizam dois alfabetos cirílico e latino 
concomitantemente. Todos os outros utilizam exclusivamente alfabeto latinoUm outro aspeto da multiplicidade do Leste Europeu tem a ver com a grande heterogeneidade religiosa. O Catolicismo é religião predominante na Polónia, República Checa, Eslováquia, Hungria, Eslovénia e Croácia. O Cristianismo Ortodoxo predomina na Rússia, Bielorrússia, Ucrânia, Moldávia, Roménia, Bulgária, Sérvia, Montenegro e Macedónia. E o Islão predomina na Bósnia-Herzegovina e Albânia.

As Nações Unidas, numa tentativa de acabar com a conotação histórica do termo Leste Europeu que vinha do tempo da Guerra Fria, não incluem no Leste Europeu os países dos Balcãs, preferindo incluí-los no Sul Europeu juntamente com a Grécia e Chipre. E também retiraram os países Bálticos do Leste Europeu, considerando-os do Norte Europeu. Por exemplo, a Finlândia e a Estónia partilham os mesmos valores, o mesmo sistema económico e político, bem como língua, religião e várias tradições. Daí a tentativa de transformar o Leste Europeu num termo puramente geográfico, diminuindo ou mesmo excluindo a sua conotação histórica, e vendo-a como a península ocidental da Eurásia. Limites marcados por grandes massas de água a norte, oeste e sul; a leste pelos montes Urais e o rio Ural; o Mar Cáspio a sudeste; as montanhas do Cáucaso e o Mar Negro. Os geógrafos da Rússia geralmente incluem os Urais na Europa, e o Cáucaso na Ásia


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