terça-feira, 27 de agosto de 2024

Que povo grego foi esse conhecido por Aqueus?


Os Aqueus foram um dos povos que habitaram a Grécia durante a Idade do Bronze, aproximadamente entre 1600 e 1100 a.C., e que Homero mencionou frequentemente na Ilíada para se referir coletivamente aos gregos que lutaram na Guerra de Troia. Historicamente, os Aqueus são associados à civilização micénica, que floresceu na Grécia continental durante esse período. Eles são conhecidos por terem construído palácios fortificados, como os encontrados em Micenas e Tirinto, e por seu papel importante nas rotas comerciais e na cultura do Mediterrâneo oriental.

Por conseguinte, a civilização micénica, à qual os Aqueus estão associados, entrou em declínio por volta de 1100 a.C., possivelmente devido a invasões, conflitos internos ou desastres naturais. Daqui resultou um longo período de escuridão histórica, ao qual os historiadores vieram a referenciá-lo por Idade das Trevas Grega. Em resumo, os Aqueus foram uma das tribos ou grupos étnicos que compunham a antiga Grécia, tendo uma influência significativa na formação da civilização grega e na literatura clássica.

O local onde Atenas se desenvolveu já existia no tempo dos Aqueus, durante a Idade do Bronze. Atenas, como uma cidade, tem uma longa história que remonta a muito antes da Idade Clássica, que é a época pela qual os historiadores se referem por ser a época mais bem estudada e que deixou marcas duradouras na civilização ocidental. Durante o período micénico, Atenas já era um centro importante. A Acrópole de Atenas, por exemplo, era um local fortificado e possivelmente já abrigava um palácio ou residência de um governante micénico. Existem evidências arqueológicas que sugerem que Atenas foi habitada continuamente desde o Neolítico, mas foi durante a Idade do Bronze que a cidade começou a se destacar como um centro regional significativo.

Ao contrário de outras cidades micénicas, como Micenas e Tirinto, Atenas não parece ter sofrido uma destruição completa durante o colapso da civilização micénica por volta de 1100 a.C. Isso pode ter contribuído para a continuidade da sua ocupação e desenvolvimento, levando à eventual ascensão como uma das cidades mais importantes da Grécia na Idade do Ferro e, posteriormente, na era clássica. O desaparecimento da civilização micénica é um fenómeno bastante obscuro e que ainda deixa pontas soltas aos historiadores para poderem dar uma explicação mais cabal e definitiva. Entretanto, os arqueólogos continuam a escavar. O que é certo é que esse colapso marcou o fim da Idade do Bronze na Grécia e o início de um período conhecido como a Idade das Trevas grega, caracterizado por uma diminuição significativa na população, perda de habilidades como a escrita, e o declínio de grandes centros urbanos.

Daí que o caso aguce o engenho dos historiadores para produzirem as suas teorias acerca do desaparecimento da civilização antiga a que os Aqueus pertenciam e que Homero glorificou. Uma teoria popular sugere que a civilização micénica foi enfraquecida por invasões externas, possivelmente pelos chamados "Povos do Mar". Mas, como não podia deixar de ser, nesta idade de trevas os Povos do Mar tinham de ser um povo misterioso. Um grupo misterioso que atacou várias civilizações no Mediterrâneo Oriental durante esse período. Além disso, conflitos internos, como guerras civis ou disputas dinásticas, podem ter contribuído para a desintegração dos reinos micénicos.

Outra possibilidade é que terão sido desastres naturais. Terramotos e maremotos terão ocorrido para justificar uma devastação tão grande das cidades em tamanha extensão. Tanto mais que se sabe que a Grécia é uma região sísmica muito ativa. E há evidências arqueológicas de destruição por terramotos em alguns dos principais centros micénicos. Outras alterações ambientais também podem ter ajudado, que terá levado à escassez de recursos alimentares. A civilização micénica dependia de um complexo sistema económico e social, incluindo comércio de longa distância com outras regiões do Mediterrâneo. Problemas económicos, como a interrupção dessas rotas comerciais, ou a incapacidade de sustentar a elite palaciana, podem ter levado ao colapso dessa estrutura. Isso pode ter resultado em uma perda de coesão social e na fragmentação dos reinos micénicos. Essas causas não são mutuamente exclusivas, e é possível que uma combinação de fatores tenha levado ao colapso micénico. O desaparecimento da civilização micénica foi gradual e variou de região para região, mas, em geral, marcou uma transição significativa na história grega, da rica e complexa sociedade micénica para um período de maior simplicidade e isolamento cultural que só terminaria com o surgimento das Cidades Estado gregas na Idade do Ferro.

O povo que emergiu após o colapso micénico e que terá dado origem à Grécia Clássica foram os Dórios, embora envolva mais do que apenas a chegada de um novo grupo étnico. Os Dórios são frequentemente descritos como um povo indo-europeu que invadiu ou migrou para a Grécia continental, eventualmente se estabelecendo em regiões como o Peloponeso, Creta e outras áreas. A chegada dos Dórios, e o subsequente estabelecimento de sua cultura, marcou uma nova fase na história grega. Eles trouxeram mudanças significativas, incluindo novas práticas agrícolas, novas formas de organização social, e eventualmente, a introdução do uso do ferro, que substituiu o bronze em muitas áreas. A identidade dos Dórios e a sua contribuição específica à cultura grega é um tema de debate. É possível que o surgimento dos Dórios tenha sido parte de um processo mais amplo de movimentação de populações e reorganização social, mais do que uma simples invasão. Além disso, outros grupos, como os Jónios e os Eólios, também desempenharam papéis importantes no desenvolvimento das sociedades gregas posteriores.

Cerca de 800 a.C. já se ouve falar de algumas Cidades Estado - Atenas, Esparta, Corinto e Tebas. Foi a partir dessas pólis que a Grécia Clássica se desenvolveu, com a sua rica cultura, filosofia, política e arte que ainda influenciam o mundo até hoje. Portanto, enquanto os Dórios desempenharam um papel importante no período após Micenas, o florescimento da Grécia Clássica foi o resultado de uma combinação de influências culturais e o desenvolvimento de novas formas de organização social e política. Os Dórios falavam uma língua indo-europeia. O dialeto dórico faz parte do grupo das línguas gregas antigas, que são um ramo da família das línguas indo-europeias. O grego antigo, no período arcaico e clássico, era dividido em vários dialetos principais, sendo os mais importantes o ático jónico, o eólio, o arcado cipriota e o dórico. O dialeto dórico era falado principalmente nas regiões do Peloponeso (como Esparta), em Creta, em algumas partes da Grécia continental, e nas colónias gregas no sul da Itália e na Sicília. O ático jónico veio depois a formar colónias na Ásia Menor, (atual costa ocidental da Turquia) durante o período conhecido como a Grande Colonização Grega, que ocorreu entre os séculos VIII e VI a.C.

Algumas das mais importantes dessas colónias foram cidades como Éfeso, Mileto, Samos e Quios. Essas colónias formaram a chamada Confederação Jónica, que era uma aliança de cidades estado jónicas que compartilhavam uma herança cultural e linguística comum. O dialeto jónico, junto com o ático (falado em Atenas), faz parte do grupo dialectal ático jónico. No caso específico do jónico, ele se espalhou amplamente pela Ásia Menor através dessas colónias. Com o tempo, o dialeto ático, especialmente o de Atenas, ganhou proeminência e acabou se tornando a base do grego clássico, particularmente no período helenístico, quando a forma de grego conhecida como koiné (uma versão simplificada do grego ático) se tornou a língua franca do mundo helenístico. Portanto, a expansão dos Jónios e a formação de colónias na Ásia Menor desempenharam um papel crucial na disseminação da língua e cultura grega na região, influenciando a história e o desenvolvimento cultural do mundo grego em geral.

Para Atenas começava a mudar a maré chegando a celebrar na Acrópole a unificação alcançada por Teseu. A unificação de Atenas, tradicionalmente atribuída ao herói mitológico Teseu, é um evento significativo na história ateniense e está ligado ao processo de synoikismos (literalmente "vivência em conjunto"), que foi a união dos vários pequenos povoados e tribos da Ática em uma única entidade política centrada em Atenas. Segundo a lenda, Teseu, após derrotar o Minotauro e retornar a Atenas, liderou a unificação das diversas comunidades da Ática, transformando Atenas na capital da região. Esse processo teria consolidado a cidade como um único centro de poder, fortalecendo sua posição política, económica e militar. Acredita-se que essa unificação também tenha contribuído para o desenvolvimento da identidade cívica ateniense. A celebração dessa unificação teria ocorrido na Acrópole, o centro religioso e simbólico de Atenas, onde os atenienses realizavam importantes rituais e festivais. Um dos festivais associados a essa unificação foi o festival das Panateneias, uma grande celebração em homenagem à deusa Atena, padroeira da cidade. Durante o festival, os atenienses realizavam procissões, competições atléticas e sacrifícios, reforçando a unidade e a identidade cívica da polis. Historicamente, o processo de unificação da Ática foi provavelmente um processo gradual que envolveu uma combinação de alianças políticas, casamentos entre elites e a centralização administrativa. Teseu, embora uma figura mítica, simboliza essa transformação de Atenas em uma potência regional, marcando o início do caminho que levaria à sua proeminência durante o período clássico.

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