segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Violência nas ruas, do nacionalismo ao racismo


Em muitos lugares, a crescente desigualdade económica tem alimentado tensões sociais, resultando em um aumento da violência. Em algumas regiões, o aumento da criminalidade urbana tem levado a um crescimento da violência nas ruas. O crescimento de movimentos populistas e nacionalistas em várias partes do mundo tem exacerbado sentimentos de xenofobia e isolacionismo. Líderes políticos em alguns países têm promovido uma retórica nacionalista, o que intensifica o sentimento de “nós contra eles”.

Em muitos países, as tensões raciais têm sido exacerbadas por eventos específicos, como incidentes de violência policial ou ataques terroristas. As redes sociais têm amplificado discursos de ódio e racismo, proporcionando uma disseminação rápida de ideologias extremistas. É importante notar que esses fenómenos não são universais e podem variar significativamente de uma região para outra. Além disso, há esforços contínuos dos governos e de organizações não governamentais para combater esses flagelos sociais. Paz, igualdade e inclusão são as palavras mais batidas para sensibilizar as pessoas.

Não aprendermos a ser mais cosmopolitas é uma questão complexa. Do ponto de vista evolutivo, o comportamento egoísta pode ser explicado pela necessidade de sobrevivência, em que os indivíduos priorizam os seus próprios interesses e o dos seus parentes ou do grupo a que pertencem. Mas por outro lado, o altruísmo também tem bases evolutivas. Comportamentos cooperativos e altruístas fortalecem os laços sociais e aumentam as chances de sobrevivência de grupos inteiros, especialmente em sociedades interdependentes.

A maneira como somos socializados influencia muito os nossos comportamentos. Em algumas culturas, a ênfase pode ser maior na comunidade e na colaboração, enquanto em outras pode haver uma ênfase maior na competição e na individualidade. Sistemas educativos e valores sociais também desempenham um papel importante. Sociedades que promovem a educação cosmopolita e valores de inclusão e diversidade tendem a produzir indivíduos mais abertos e altruístas.

A globalização trouxe muitas oportunidades, mas também gerou novos desafios. Enquanto facilita o intercâmbio cultural e económico, também pode gerar sentimentos de insegurança e perda de identidade que acaba por reforçar comportamentos egoístas, que por sua vez é favorável a ideias nacionalistas. Embora a tecnologia e as redes sociais possam conectar pessoas ao redor do mundo, elas também podem criar bolhas de informação e polarização, reforçando preconceitos e comportamentos egoístas. É dos contextos que se criam que depois vão marcar as tendências. A capacidade humana para o cosmopolitismo e o altruísmo existe, mas é moldada por uma variedade de fatores evolutivos, sociais e culturais. O desafio está em criar estruturas e culturas que incentivem e cultivem mais os instintos altruístas e cooperativos, porque no estádio a que as sociedades humanas chegaram o altruísmo passou a ser uma atitude com maior valor adaptativo.

Mas é melhor dizer "não faças aos outros o que não queres que te façam a ti" do que "faz aos outros o que queres que te façam a ti". Sobre a ética do comportamento humano estas máximas têm implicações distintas. A primeira versão, uma espécie de regra de ouro negativa, enfatiza a prevenção de comportamentos negativos. É uma abordagem defensiva que se concentra em evitar causar danos aos outros. Ao não fazer aos outros o que não gostaríamos que nos fizessem, estamos minimizando o risco de causar sofrimento ou injustiça. É mais facilmente aplicável, pois é mais simples evitar ações prejudiciais do que determinar o que pode ser considerado benéfico para outra pessoa.

Ao passo que a segunda versão incentiva ações positivas e proativas. Sugere que devemos agir da maneira que mais gostaríamos, o que já imprime uma ação prescritiva semelhante às prescrições dos Dez Mandamentos. Quase que nos obriga a fazer o bem como um imperativo categórico. Mas isso requer um entendimento mais profundo, quase virtuoso, das necessidades e desejos dos outros. Ora, o que queremos para nós pode não ser o que os outros desejam.

Por conseguinte, a versão negativa ("não faças aos outros...") pode ser mais fácil de seguir, pois se baseia na abstenção de ações prejudiciais, enquanto a versão positiva ("faz aos outros...") exige um esforço ativo para entender e agir conforme os desejos e necessidades dos outros. Em algumas culturas ou situações, uma abordagem pode ser mais apropriada do que a outra. A prevenção de danos pode ser mais relevante em contextos onde o risco de conflito é alto, enquanto a promoção de ações positivas pode ser mais adequada em ambientes cooperativos e de confiança mútua. A regra positiva pode ser mal aplicada se não houver uma compreensão adequada das necessidades e desejos dos outros. A versão negativa, quando muito, pode ser acusada de minimalista.

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