quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Diogo Gomes

 

Monumento a Diogo Gomes - Praia, Cabo Verde

Diogo Gomes (c.1420 – c.1500) foi um navegador, explorador e escritor português do tempo do Infante D. Henrique. Suas memórias foram ditadas no final de sua vida a Martin Behaim. Embora às vezes inconsistente, é uma das principais fontes da historiografia dos Descobrimentos. Ele explorou e subiu o rio Gâmbia, na África Ocidental, e descobriu algumas das ilhas de Cabo Verde.

Provavelmente natural de Lagos, começou como pajem na casa do Infante D. Henrique e, posteriormente, ascendeu ao posto de cavaleiro em 1440. Diogo Gomes participou na incursão de 1445 nas margens do Arguin, liderada pelo Lançarote de Freitas, na captura de indígenas para o tráfico de escravos.

Por volta de 1456, foi enviado por Dom Henrique ao comando de três navios na costa da África Ocidental. Gomes afirma que estava acompanhado de Jacó, um intérprete mal conhecido. Entrou no rio Gâmbia e subiu a uma distância considerável, cerca de 50 léguas (250 milhas), chegando até à grande cidade mercantil de Cantor, um entreposto do comércio de ouro do Mali. É provável que Alvise Cadamosto também tivesse navegado por aqui com sucesso nesse mesmo ano. Em Cantor, Gomes colheu muitas informações sobre as minas de ouro e os padrões comerciais do alto Senegal e do alto Níger, das cidades de Kukia e Tombuctu e das rotas comerciais através do Sara que se estendiam até à costa marroquina.

Região já fortemente islamizada, há a referência a um chefe chamado Numimansa que aderiu ao cristianismo. Era o cacique dos Nomi Bato, e pode ter sido o mesmo chefe responsável pelas mortes dos exploradores anteriores onde estava Nuno Tristão em c.1447. Os Nomi Bato são provavelmente ancestrais do atual povo Niominka do delta do rio Saloum, e embora atualmente classificados como uma tribo Serer, provavelmente eram de origem Mandinka, nessa época.

Após a morte do Infante Dom Henrique, em 1460, Diogo Gomes retirou-se da exploração ativa e prosseguiu uma carreira com o sobrinho e herdeiro de Henrique, Fernando de Viseu, e a corte real. Em 1463, foi nomeado escudeiro do rei Afonso V de Portugal. Em 1466, assegurou uma generosa pensão de 4.800 reais, à qual foram anexadas funções de magistrado em Sintra (juiz das cousas e feitorias contadas de Sintra). Em data incerta, foi também nomeado magistrado nas proximidades de Colares. A data de sua morte é incerta, embora alguns a datem de 1485. O historiador Peter Russell sugere que ele viveu até pelo menos 1499. Há a confirmação de que ele certamente estava morto em 1502, a partir do registo de uma indulgência para a sua alma paga pela viúva.

Já em idade avançada, Diogo Gomes ditou oralmente as suas memórias ao cartógrafo alemão Martin Behaim durante a sua estada em Portugal. A data é incerta, mas provavelmente ocorreu pouco antes de sua morte. O historiador Peter Russell data a entrevista por volta de 1499, já que o relato se refere à morte de António de Noli, ocorrida nessa data. É provável que Gomes tenha ditado em português através de um intérprete, e Behaim o tenha escrito em latim (ou, alternativamente, em alemão, e só depois transcrito para o latim). As memórias resultantes, sob o título De prima inuentione Guineae (Da primeira descoberta da Guiné), são o único manuscrito contemporâneo sobrevivente, fora da crónica oficial de Gomes Eanes de Zurara o qual dá um relato cronológico de todas as descobertas henriquinas. O manuscrito tem duas outras partes, De insulis primo inventis in mare Occidentis (um relato das Ilhas Canárias e da Madeira) e De inventione insularum de Açores (contendo o único registo detalhado da descoberta portuguesa das ilhas dos Açores).


As memórias são notáveis por iluminar o caráter e o propósito do Infante Dom Henrique, atribuindo ao príncipe um deliberado propósito científico e comercial na exploração. Gomes observa que Henrique enviou suas caravelas para procurar novas terras (ad quaerendas terras) a partir de seu desejo de conhecer as partes mais distantes do oceano ocidental, e na esperança de encontrar ilhas ou terra firme além dos limites estabelecidos por Ptolomeu (ultra descriptionem Tolomei); por outro lado, suas informações sobre o comércio nativo de Túnis para Tombuctu e a Gâmbia ajudaram a inspirar a sua persistente exploração da costa da África Ocidental para buscar essas terras por meio do mar. Na época da primeira viagem de Gomes, Henrique mantinha correspondência com um mercador de Orã, que o mantinha informado sobre os acontecimentos até mesmo no interior da Gâmbia; e, antes da descoberta do Senegal e de Cabo Verde, em 1445, Gomes afirma que o Príncipe Real já havia obtido informações confiáveis da rota para Tombuctu. Gomes faz um relato comovente da última doença e morte do Príncipe Henrique.


Duarte Pacheco Pereira, outro importante explorador e navegador português do final do século XV e início do século XVI, mencionou em suas obras o "grande comércio" na costa africana. Este comércio refere-se ao florescimento das atividades comerciais entre os europeus e os povos africanos, principalmente no contexto do tráfico de escravos, ouro, marfim, e outros bens valiosos. Pacheco Pereira, em sua obra "Esmeraldo de Situ Orbis" (escrita por volta de 1505-1508), descreve detalhadamente as riquezas da costa africana e a importância estratégica das várias rotas comerciais que os portugueses estavam explorando e estabelecendo.

Sem comentários:

Enviar um comentário