sexta-feira, 11 de outubro de 2019

O caldeirão Gundestrup




O caldeirão Gundestrup é um vaso religioso em prata, do século I d.C., encontrado em Himmerland, Dinamarca, em 1891. É preenchida com vários motivos de animais, plantas e deidades pagãs. Dado ser a maior peça trabalhada em prata da idade do ferro europeia, o caldeirão de Gundestrup é de um valor inestimável pela alta qualidade de seu trabalho e variedade iconográfica.

O principal problema vem do facto de o estilo e o acabamento serem mais do tipo Trácio do que Celta, apesar de os motivos da decoração serem celtas. Por enquanto a opinião dos estudiosos está dividida em dois grupos: os que argumentam que a origem é galesa e os que argumentam que a origem é trácia. Os primeiros estabelecem o local da manufatura no oeste celta, enquanto que os últimos optam pelo baixo Danúbio, no sudeste europeu.

Os proponentes da origem galesa colocam ênfase nos motivos celtas descritos no caldeirão tais como uma deidade com chifres, torques, e instrumentos musicais chamados de Carnyx. A divindade com chifres Cernunnos, o deus celta, aponta a região de Gales do Norte como a sua origem. Entretanto, apesar de alguns estudiosos optarem pela origem galesa, as interpretações iconográficas variam enormemente no âmbito científico. A figura de chifres em vez de ser lida como Cernunnos, pode estar relacionada com o Mercúrio gaulês e sua contraparte irlandesa, Cu-Chu-Lain.

Aqueles que argumentam a origem galesa normalmente localizam o caldeirão no estádio final do período La Téne, porque nessa época elementos não-celtas, como animais fantásticos, começam a aparecer em diversas representações na cunhagem celta. Os estudiosos igualmente fizeram analogias com outros caldeirões do período tardio da cultura Lá Téne da Europa central e ocidental. O caldeirão Rinkerby, que igualmente vem de um pântano dinamarquês é o exemplo mais próximo ao caldeirão de Gundestrup: são quase do mesmo tamanho; ambos têm chapas decorativas dando forma ao interior da parede cilíndrica; compartilham de alguns motivos tais como um busto humano nas placas exteriores. O caldeirão de Rynkeby foi suposto ter sido feito por volta do século I d.C. na Europa central ou do norte. Olmsted argumenta que o caldeirão de Gundestrup, como o caldeirão de Rynkeby, têm uma origem da cultura Lá Téne III.

Por outro lado, os proponentes da visão oriental baseiam seus argumentos nas técnicas de forja em prata do caldeirão e na representação de animais míticos que eram observados comunmente no trabalho em metal Trácio. As técnicas de decoração dos corpos dos animais com linhas que se encontram e pontos perfurados eram comuns e ambas as culturas. Mais recentemente Bergquist e Taylor também desenvolveram um argumento localizando o caldeirão no século II d.C. Eles reivindicaram que as técnicas de trabalho em prata usadas no caldeirão, como, por exemplo, alto relevo, pontos e traços perfurados, parcialmente dourado, e inserções de vidro ainda eram desconhecidas no oeste celta.

Se o caldeirão foi feito noutro lugar que não a Dinamarca, então como é que fez o seu caminho até ao norte da Dinamarca? Klindt Jensen supõe que o caldeirão era um objeto celta importado pela Dinamarca. Olmsted sugere que seja um despojo de guerra, já que os romanos empregavam cavalaria germânica na Gália. Bergquist e Taylor propõem que ele foi feito no sudeste europeu por um ferreiro que trabalhava com prata Trácio, possivelmente pago pelos Celtas (Scordisci) e transportado por Cimbri, o qual invadiu o Danúbio médio em 120 d.C. e pilhado os Scordisci. Eles conjeturam a partir do facto de que o caldeirão possui o estilo Trácio do século IV d.C., com a ausência da tradição Romana.

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