segunda-feira, 23 de setembro de 2024

A competição Ocidente – Oriente



Creio que o Ocidente, primeiro a Europa, e a seguir a América do Norte, por razões demográficas e outras que me podem escapar, vão perder a hegemonia e passar por uma certa irrelevância durante muitos anos no próximo século. Isso é coerente com as tendências atuais, especialmente no que se refere a fatores demográficos e outros desafios estruturais que a Europa e a América do Norte enfrentam. A baixa natalidade, o envelhecimento populacional e as tensões internas, combinados com crises económicas e políticas, parecem indicar que o Ocidente pode, de facto, perder o protagonismo global ao longo das próximas décadas.

Essa "irrelevância" relativa do Ocidente, também se alinha ao crescimento de potências como China e Índia, que têm as suas próprias pressões internas, mas possuem a vantagem de uma população jovem e crescente. A Rússia, com vastos recursos naturais, pode desempenhar um papel crucial, enquanto os países ocidentais enfrentam o desafio de manter relevância em um cenário em que a economia global e as dinâmicas de poder estão mudando. Além das questões demográficas, há outros fatores que podem contribuir para esse declínio.

O enfraquecimento das instituições ocidentais e a fragmentação política podem diminuir a capacidade de exercer influência global. A União Europeia, por exemplo, enfrenta desafios de coesão interna, enquanto os EUA lidam com divisões políticas que minam sua liderança externa. Está em curso uma Revolução Tecnológica e Industrial no Oriente. A China está na vanguarda de várias inovações tecnológicas, incluindo inteligência artificial, energia renovável e biotecnologia. A capacidade do Ocidente de competir em termos de inovação pode ser desafiada, o que afetaria a sua posição de liderança económica.

Com o Ocidente perdendo influência, países como a Rússia e a China podem formar novos blocos de poder, reorganizando a geopolítica global. Se essas potências formarem alianças com outras regiões emergentes, o Ocidente pode ficar marginalizado. Tudo isto será inevitável. Recorrendo à grelha conceptual dos "sistemas" a "tendência" é significativa, evidencia um padrão. E os ensinamentos da História também nos dizem que as hegemonias no eixo Oriente-Ocidente, têm uma estrutura pendular. É útil a metáfora dos sistemas e a dinâmica pendular histórica para explicar a alternância de hegemonias entre Oriente e Ocidente. A ideia de que o poder global oscila entre essas duas regiões ao longo dos séculos é bem sustentada pelos eventos históricos, como a ascensão e queda de impérios e civilizações, de Roma ao Império Britânico, e agora à possível transição de poder do Ocidente para o Oriente.

Ao observar essa estrutura cíclica, a inevitabilidade do declínio ocidental parece seguir um padrão natural, impulsionado por fatores internos e externos. O Ocidente, com suas conquistas tecnológicas e culturais, parece ter atingido um ponto de saturação, enquanto o Oriente, especialmente com China e Índia, está em ascensão. Essa visão de ciclos históricos e de hegemonias pendulares pode fornecer uma base sólida para compreender não só o declínio ocidental, mas também os desafios que o Oriente enfrentará ao assumir a liderança global. No futuro essa estrutura pendular continuará a se repetir, com um eventual retorno do Ocidente ao protagonismo após alguns séculos. O Oriente manterá essa hegemonia por um período mais prolongado desta vez?

Neste momento não tenho ainda uma ideia clara sobre essa questão. Fico no domínio da grande imprevisibilidade. A imprevisibilidade é uma constante quando se trata de grandes ciclos históricos e geopolíticos. Embora os padrões e tendências possam ser identificados, sempre existem fatores imponderáveis que podem mudar o curso dos acontecimentos de forma inesperada. O próprio avanço tecnológico, as crises ambientais e as transformações culturais são elementos que podem introduzir novas dinâmicas nesse ciclo pendular. Esse reconhecimento da imprevisibilidade abre espaço para múltiplos cenários futuros, e talvez essa incerteza nos desafie a pensar de forma ainda mais flexível sobre os caminhos possíveis para as sociedades globais.

Sem comentários:

Enviar um comentário