quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Como está a Síria hoje?

 



A Síria, apesar de no momento atual parecer estar adormecida, é outro exemplo de grande confusão geopolítica. Como está hoje distribuído o território pela disputa entre as várias forças? A situação territorial da Síria é complexa, refletindo a guerra civil que começou em 2011. Embora a intensidade do conflito tenha diminuído, o país continua fragmentado, com várias forças controlando diferentes partes do território. A guerra envolveu o governo de Bashar al-Assad, grupos rebeldes, jihadistas, curdos, e potências externas, como a Rússia, os EUA, Turquia e Irão.

O Governo Sírio (Bashar al-Assad) – controla a maior parte do território sírio, incluindo: Damasco, a capital. As principais cidades do Oeste e Sul, como Alepo, Homs, Hama e Latakia. A região costeira (Mediterrâneo), que é estratégica para o regime, pois abriga a base naval russa em Tartus. A maior parte do Sul e Centro da Síria, incluindo a cidade de Deir ez-Zor, perto do rio Eufrates. Com o apoio militar direto da Rússia e do Irão, Assad reconquistou grande parte do país que estava em mãos de rebeldes e do dito Estado Islâmico. 

No Nordeste da Síria - as Forças Democráticas Sírias, e a milícia curda das Unidades de Proteção Popular (YPG) controlam a maior parte da região curda, conhecida como Rojava, e as cidades de Hasakah, Qamishli, e boa parte da região rica em petróleo no Nordeste, ao longo do rio Eufrates. Essas forças tiveram o apoio militar dos Estados Unidos na luta contra o Estado Islâmico (ISIS), mas estão sob pressão devido às operações militares da Turquia, que considera o YPG uma extensão do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), um grupo que luta pela autonomia curda na Turquia.





No Noroeste da Síria - ao longo da fronteira com a Turquia, há territórios controlados por milícias rebeldes sírias apoiadas pela Turquia, incluindo o Exército Nacional Sírio (SNA). A Turquia controla partes de Idlib, Afrin, e áreas perto das cidades de Azaz e Jarabulus. As forças turcas lançaram várias operações militares para criar uma "zona de segurança" ao longo da sua fronteira, evitando a expansão das forças curdas e combatendo remanescentes do ISIS.

A província de Idlib, no Noroeste, é o último grande bastião da oposição ao regime de Assad e é dominada pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), uma fação jihadista com ligações anteriores à Al-Qaeda. Apesar dos cessares fogos mediadas por Turquia e Rússia, há combates esporádicos entre o governo e os jihadistas. A Turquia também mantém uma presença militar em Idlib para evitar uma ofensiva total do governo sírio, o que poderia desencadear um novo êxodo de refugiados.

Embora o Estado Islâmico (ISIS) tenha perdido quase todo o seu território em 2019, ele ainda mantém células ativas em áreas desérticas no Leste e Sul da Síria, especialmente nas regiões perto de Palmira e Deir ez-Zor. O grupo realiza ataques esporádicos contra forças do governo sírio e curdas.

A Rússia é a principal aliada do governo sírio, com bases militares em Tartus e Hmeimim. Realiza bombardeamentos aéreos e tem tropas no terreno. O Irão e o Hezbollah apoiam o regime de Assad com forças terrestres e milícias. O Hezbollah, baseado no Líbano, é um aliado crucial no campo de batalha. Os Estados Unidos mantêm uma presença limitada no Nordeste da Síria, apoiando os curdos e garantindo a segurança das áreas ricas em petróleo. Também monitorizam e combatem as células remanescentes do ISIS. A Turquia está diretamente envolvida no conflito no Norte da Síria, realizando operações militares contra as forças curdas e, ocasionalmente, contra o regime sírio.

Em resumo, a Síria continua dividida em blocos de influência, com o governo de Assad mantendo o controlo sobre a maior parte do território, mas com regiões significativas ainda sob controlo de curdos, rebeldes apoiados pela Turquia e grupos jihadistas. As intervenções externas e a complexidade das alianças tornam qualquer resolução política duradoura difícil. Durante o combate ao Estado Islâmico (ISIS), várias alianças complexas se formaram e mudaram ao longo do tempo, envolvendo atores locais, regionais e internacionais com interesses diferentes, o que tornou as dinâmicas extremamente voláteis.

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