terça-feira, 3 de setembro de 2024

O começo da linguagem humana



Há quantos anos é que podemos considerar que a espécie humana começou a falar e a começar a entender-se? A origem da linguagem humana é um tema complexo e não completamente resolvido pela ciência, mas há algumas estimativas baseadas em evidências arqueológicas, antropológicas e genéticas.

Acredita-se que a linguagem, no sentido de uma comunicação verbal complexa, possa ter-se desenvolvido entre 50.000 e 150.000 anos atrás. Este intervalo é baseado em vários fatores: Evidências fósseis e genéticas - O Homo sapiens, a nossa espécie, surgiu por volta de 200.000 a 300.000 anos atrás. No entanto, as evidências de comportamentos culturais mais sofisticados, como arte, ferramentas avançadas e rituais, datam de cerca de 50.000 a 70.000 anos atrás, durante o que é chamado de Revolução Cognitiva. Isso sugere que habilidades cognitivas avançadas, incluindo a linguagem, poderiam estar em pleno desenvolvimento nesta época.

Estudos sobre o gene FOXP2 - Este gene, que está associado à capacidade de fala e linguagem, foi identificado tanto em humanos como em Neandertais. Isso sugere que algum tipo de comunicação verbal poderia já estar presente há pelo menos 300.000 a 500.000 anos, embora não se saiba se era tão complexa quanto a linguagem moderna. Evidências arqueológicas - Ferramentas de pedra, artefactos e outros sinais de cultura material mostram que nossos ancestrais tinham alguma forma de comunicação complexa há dezenas de milhares de anos. A linguagem teria facilitado a transmissão de conhecimento e cultura.

Para além dos centros da linguagem no cérebro e das alterações anatómicas da laringe é de suspeitar que o desenvolvimento destas estruturas devem ter começado há mais de 150.000 anos. É bastante provável que o desenvolvimento das estruturas anatómicas e neurológicas associadas à linguagem tenha começado há mais de 150.000 anos, antes do surgimento da linguagem plenamente desenvolvida. Os centros da linguagem no cérebro, como a área de Broca e a área de Wernicke, são responsáveis pela produção e compreensão da linguagem. Estudos em neurociência sugerem que essas áreas já estavam presentes em nossos ancestrais, como os Homo erectus e os Homo heidelbergensis, que viveram há cerca de 500.000 anos. Esses ancestrais provavelmente tinham alguma forma de comunicação, embora não tão complexa quanto a linguagem moderna.

A evolução da laringe e do aparelho vocal também é crucial para a fala. A descida da laringe, que permite uma maior variedade de sons vocais, é uma característica evolutiva significativa que ocorreu ao longo de centenas de milhares de anos. Esta mudança está associada à capacidade de produzir os sons variados necessários para a linguagem articulada. É importante destacar que a linguagem humana não surgiu de forma repentina, mas sim através de um processo evolutivo gradual. As pressões seletivas para a comunicação eficiente teriam levado ao desenvolvimento progressivo dessas capacidades ao longo de várias centenas de milhares de anos. Portanto, é razoável supor que o desenvolvimento das estruturas cerebrais e anatómicas necessárias para a linguagem devem ter começado bem antes de 150.000 anos atrás, possivelmente durante a evolução dos hominídeos. Esse desenvolvimento preparou o terreno para o surgimento da linguagem complexa que caracteriza os humanos modernos.

A ideia de que os descendentes do Homo heidelbergensis não chegaram aos nossos dias pode parecer surpreendente, mas, na verdade, muitos de seus descendentes continuam presentes em nós de forma indireta. O Homo heidelbergensis, que viveu entre 600.000 e 200.000 anos atrás, é considerado um ancestral comum de várias espécies humanas que evoluíram posteriormente, incluindo os Neandertais (Homo neanderthalensis), os Denisovanos e os Homo sapiens (nossa espécie). Este hominídeo se espalhou por várias regiões da África e da Europa, adaptando-se a diferentes ambientes, o que levou à diversificação de suas populações. O Homo heidelbergensis é considerado o ancestral direto dos Neandertais, que na Europa e na Ásia Ocidental até cerca de 40.000 anos atrás ainda existiam. Embora os Neandertais tenham desaparecido como espécie distinta, eles contribuíram geneticamente para os humanos modernos. Estima-se que entre 1% e 2% do DNA das populações não africanas atuais seja de origem neandertal.

Outro grupo descendente do Homo heidelbergensis, os Denisovanos, habitou partes da Ásia. Embora também tenham desaparecido como espécie distinta, sua contribuição genética ainda é encontrada em algumas populações modernas, especialmente entre povos indígenas da Austrália, Papua-Nova Guiné e outras partes da Oceania. Nossa própria espécie, o Homo sapiens, também descende do Homo heidelbergensis, especificamente de uma população que permaneceu na África. Portanto, todos os humanos modernos são, de certa forma, descendentes do Homo heidelbergensis. Embora as espécies derivadas do Homo heidelbergensis, como os Neandertais e Denisovanos, se tenham extinguido como grupos distintos, sua herança genética persiste em nós. Isso mostra que a extinção não significa o desaparecimento completo de uma linhagem, mas pode resultar em sua absorção ou hibridização com outras linhagens humanas. Em Resumo: Os descendentes do Homo heidelbergensis de facto chegaram aos nossos dias, mas não como uma espécie separada. Eles sobreviveram através da mistura genética com os Homo sapiens e contribuem para a diversidade genética das populações humanas modernas. Portanto, ainda carregamos um legado genético de nossos ancestrais heidelbergensis.

De facto, a teoria padrão, conhecida como "Out of Africa" (Saída da África), sugere que todos os humanos modernos fora da África são descendentes de um pequeno grupo de Homo sapiens que migrou do continente africano há cerca de 50.000 a 70.000 anos. No entanto, essa teoria não significa que os descendentes dos hominídeos euro-asiáticos, como o Homo heidelbergensis, tenham desaparecido sem deixar vestígios. Homo heidelbergensis Euro-Asiático é, de fato, um ancestral significativo para as populações humanas que se desenvolveram na Europa e na Ásia. Este grupo deu origem aos Neandertais na Europa e nos arredores, e aos Denisovanos na Ásia. há, de facto, uma Contribuição Genética dos Hominíneos Euro-Asiáticos. Embora a maioria dos Homo sapiens fora da África tenha origem em uma migração relativamente recente a partir da África, os Homo sapiens se encontraram e se misturaram com os Neandertais e Denisovanos, que eram descendentes do Homo heidelbergensis euro-asiático.

A questão é mesmo a Hibridização do Legado Genético. Embora a teoria "Out of Africa" destaque a migração de Homo sapiens a partir da África, ela não descarta a existência e o impacto das populações de hominídeos euro-asiáticos anteriores. Esses hominídeos, descendentes do Homo heidelbergensis, não desapareceram completamente sem deixar herança. Eles se misturaram com os recém-chegados Homo sapiens, e suas linhagens genéticas continuam presentes nas populações modernas. Em Resumo: Os Homo heidelbergensis euro-asiáticos não chegaram aos dias de hoje como uma população distinta, mas sua genética persiste nas populações humanas modernas por meio da hibridização com Neandertais e Denisovanos. Dessa forma, todos nós, euro-asiáticos, ameríndios e outros grupos fora da África, carregamos um legado genético desses antigos habitantes da Europa e Ásia.

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