segunda-feira, 23 de setembro de 2024

William Casey - Mujahidins e Al-Qaeda



William Casey [1913-1987] foi um destacado diretor da CIA sob a presidência de Ronald Reagan, e seu período no cargo (1981-1987) foi marcado por importantes iniciativas no cenário internacional, incluindo o apoio aos mujahidins afegãos e a coordenação com a Arábia Saudita para reduzir o preço do petróleo. A intervenção soviética no Afeganistão em 1979 levou a uma guerra prolongada contra os combatentes afegãos que resistiam à ocupação. Os mujahidins, grupos de resistência afegãos, lutavam contra as forças soviéticas e o governo comunista afegão apoiado pela União Soviética. Sob a liderança de Casey, a CIA, em colaboração com os serviços de inteligência de outros países, como o Paquistão e a Arábia Saudita, lançou a Operação Ciclone. Esta operação envolveu o fornecimento de apoio militar e financeiro aos mujahidins afegãos. O objetivo era enfraquecer a União Soviética e contribuir para a sua retirada do Afeganistão.

O apoio dos EUA incluiu a entrega de armas, como mísseis Stinger, que foram eficazes contra os helicópteros soviéticos. O suporte ao esforço de resistência afegão foi visto como uma estratégia bem-sucedida que ajudou a pressionar a União Soviética e eventualmente contribuiu para a sua retirada do Afeganistão em 1989. No entanto, as consequências do apoio prolongado também incluíram o surgimento de grupos extremistas na região.

O aiatola Khomeini e a sua revolução de 1979 teve um enorme impacto na região. A revolução serviu como um exemplo poderoso de como o Islão político poderia desafiar a ordem estabelecida inspirando movimentos islâmicos em outros países. A resistência mujahideen, que mais tarde se transformaria em vários grupos jihadistas, também marcou um ponto de viragem. O apoio ocidental aos mujahideen ajudou a fortalecer as redes islâmicas radicais. Um momento chave que mostrou que um governo islâmico poderia desafiar a ordem estabelecida, inspirou movimentos radicais em outras partes do mundo muçulmano. A invasão soviética do Afeganistão (1979-1989) levou à criação de movimentos jihadistas transnacionais, como os mujahideen, apoiados pelos EUA e outros países para lutar contra a União Soviética. Este conflito ajudou a estabelecer redes de militantes islâmicos que mais tarde evoluíram para organizações como a Al-Qaeda.

As guerras no Afeganistão, Iraque, Síria e outras partes do Médio Oriente contribuíram para a desestabilização da região e forneceram terreno fértil para o crescimento do extremismo religioso. A perceção de que o Ocidente estava a interferir nos assuntos do Médio Oriente, especialmente após as invasões do Afeganistão e Iraque pelos EUA, alimentou sentimentos antiocidentais e impulsionou o apoio a movimentos islâmicos que se apresentavam como alternativas ao domínio estrangeiro e aos regimes seculares que eram vistos como seus aliados.

Na década de 1980, os EUA e a Arábia Saudita cooperaram para reduzir os preços do petróleo globalmente. A Arábia Saudita, como um dos maiores produtores de petróleo, desempenhou um papel crucial na inundação do mercado com petróleo para baixar o preço dos combustíveis. A estratégia de baixar o preço do petróleo tinha múltiplos objetivos: A economia soviética, fortemente dependente da exportação de petróleo e gás, foi gravemente afetada pela queda no preço do crude. Isso ajudou a pressionar economicamente a União Soviética e a acelerar o seu colapso económico. A queda do preço do petróleo também teve implicações significativas para a economia global, afetando a dinâmica económica e geopolítica.

William Casey foi uma figura chave na estratégia de segurança nacional dos EUA durante a presidência de Ronald Reagan. Seu apoio aos mujahidins afegãos através da CIA ajudou a enfraquecer a União Soviética e a contribuir para a sua retirada do Afeganistão. A colaboração com a Arábia Saudita para reduzir o preço do petróleo também foi uma estratégia eficaz para pressionar economicamente a União Soviética. Ambas as iniciativas refletiram uma abordagem ativa e multifacetada dos EUA para lidar com a competição geopolítica durante a Guerra Fria.

Osama bin Laden, um membro da rica família saudita e com fortes ligações com a Arábia Saudita, chegou ao Afeganistão no início dos anos 80 para se unir à luta contra as forças soviéticas. Ele usou parte de sua fortuna pessoal para apoiar os mujahidin e rapidamente se tornou uma figura proeminente entre os combatentes. Após a retirada soviética em 1989, bin Laden retornou à Arábia Saudita para formar a Al-Qaeda em 1988. A Al-Qaeda foi criada como uma organização jihadista global com o objetivo de combater a influência ocidental e estabelecer regimes islâmicos baseados em uma interpretação radical da lei islâmica.

A intervenção da União Soviética no Afeganistão, que começou em dezembro de 1979, foi considerada um desastre estratégico e político para a União Soviética. O conflito teve várias dimensões negativas tanto para o regime soviético como para o Afeganistão e a região mais ampla. As forças soviéticas enfrentaram uma resistência feroz dos mujahidins afegãos, que eram bem motivados e, em muitos casos, apoiados externamente pelos EUA e seus aliados. A guerra de guerrilha dificultou a ocupação e as operações militares soviéticas, resultando em pesadas baixas e custos elevados. O conflito se transformou num impasse prolongado, com os soviéticos incapazes de derrotar os combatentes afegãos ou estabilizar o governo comunista afegão. A intervenção ficou conhecida como o "Vietname Soviético" devido às semelhanças com a experiência dos EUA na Guerra do Vietname, incluindo o desgaste militar e o fracasso em alcançar os objetivos estabelecidos.

A guerra contribuiu para um grande fardo económico sobre a União Soviética, agravando seus problemas financeiros e contribuindo para a crise económica. O custo da guerra foi uma das várias pressões que levaram ao colapso económico da União Soviética. O prolongado conflito e a falta de progresso militar minaram a legitimidade do regime soviético internamente e internacionalmente. A guerra foi amplamente criticada por sua brutalidade e pela crescente oposição tanto na União Soviética quanto no exterior. O conflito teve um impacto devastador sobre o Afeganistão, resultando em enormes perdas humanas e destruição. A guerra deixou o país em ruínas e marcou o início de um longo período de instabilidade e conflito. A guerra gerou uma crise humanitária, com milhões de refugiados afegãos fugindo para países vizinhos e um grande número de mortes e feridos.

O apoio dos EUA e de seus aliados aos mujahidins afegãos ajudou a exacerbar o conflito e a infligir um golpe significativo à União Soviética. A assistência militar e financeira aos combatentes afegãos teve um papel importante no prolongar e na intensificação da guerra. A intervenção no Afeganistão foi um dos fatores que enfraqueceu a posição da União Soviética na Guerra Fria, contribuindo para a perda de influência e prestígio global.

A intervenção da União Soviética no Afeganistão é amplamente vista como um fracasso estratégico e político, tendo consequências profundas tanto para a União Soviética quanto para o Afeganistão. O conflito não só desgastou a União Soviética militar e economicamente, mas também teve um impacto devastador sobre a população afegã e contribuiu para a instabilidade regional e global. A retirada soviética em 1989 marcou o fim de uma intervenção desastrosa e foi um fator significativo na crise que eventualmente levou ao colapso da União Soviética no início dos anos 1990.

A Al-Qaeda, sob a liderança de Osama bin Laden, que se tornou responsável por uma série de atentados terroristas de alto nível, como foi o ataque de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, teve um impacto global de tal modo profundo que levou a uma mudança significativa nas políticas de segurança e na política internacional. A resposta dos EUA aos ataques de 11 de setembro de 2001 resultou na chamada "Guerra ao Terror", que incluiu a invasão do Afeganistão e do Iraque, e a intensificação dos esforços contra o terrorismo global.

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