quinta-feira, 5 de setembro de 2024

AfD – Alternative für Deutschland


O partido Alternative für Deutschland (AfD) Alternativa para a Alemanha, é um partido político de extrema-direita. Fundado em 2013, inicialmente se posicionou como um partido eurocético, crítico da União Europeia e do Euro. Com o tempo, no entanto, a AfD se transformou e passou a adotar posições nacionalistas, anti-imigração e contrárias ao islamismo, atraindo eleitores descontentes com os partidos tradicionais e as políticas de acolhimento de refugiados, especialmente após a crise migratória de 2015.

A AfD é frequentemente associada ao populismo de direita, com um discurso que desafia as normas estabelecidas e a correção política, e que faz uso de uma retórica de medo em relação à imigração e à multiculturalidade. O partido também tem sido criticado por sua proximidade com movimentos extremistas e por discursos que, em alguns casos, foram considerados xenófobos ou até mesmo racistas. Nos últimos anos, a AfD cresceu em popularidade, especialmente em regiões da antiga Alemanha Oriental, e tem representação significativa no Bundestag (o parlamento alemão) e em vários parlamentos estaduais. No entanto, o partido é também altamente polarizador e enfrenta resistência tanto de outras forças políticas quanto de partes significativas da sociedade alemã.

O crescimento da AfD nos últimos anos pode ser atribuído a vários fatores que refletem mudanças políticas, sociais e económicas na Alemanha e na Europa. Insatisfação com os partidos tradicionais. Muitos eleitores estão descontentes com os partidos tradicionais, como a União Democrata-Cristã (CDU) e o Partido Social-Democrata (SPD). A perceção de que esses partidos não estão respondendo adequadamente às preocupações dos cidadãos, particularmente em relação à imigração, segurança e identidade nacional, tem levado eleitores a buscar alternativas.

Crise migratória de 2015. A decisão da chanceler Angela Merkel de abrir as fronteiras da Alemanha para centenas de milhares de refugiados em 2015 foi um ponto de inflexão. Embora muitos tenham aplaudido a decisão, uma parte significativa da população ficou preocupada com as consequências sociais, culturais e económicas da chegada de tantos imigrantes. A AfD capitalizou esse sentimento, adotando uma postura fortemente anti-imigração. A AfD enfatiza a soberania nacional e a preservação da identidade cultural alemã. Seu nacionalismo se manifesta principalmente em posições como a oposição à imigração em massa, críticas à União Europeia e a defesa de uma política externa mais independente e focada nos interesses nacionais. O partido defende a ideia de que a Alemanha deve priorizar os interesses dos seus próprios cidadãos antes de se preocupar com responsabilidades internacionais ou com a integração europeia.

Em algumas regiões da Alemanha, especialmente no Leste, onde o impacto da reunificação ainda é sentido, o desemprego e a falta de oportunidades têm alimentado o ressentimento contra as políticas nacionais e internacionais. A AfD tem encontrado forte apoio nessas áreas, onde os eleitores podem sentir que foram deixados para trás pelas políticas económicas dos governos anteriores. A AfD tem explorado medos relacionados à perda da identidade cultural alemã, argumentando que a imigração em massa e o multiculturalismo ameaçam os valores e tradições alemãs. Este apelo à proteção da identidade nacional ressoa com muitos eleitores preocupados com as mudanças sociais rápidas.

Embora a AfD esteja ganhando adeptos, também enfrenta críticas e resistência de várias partes da sociedade, incluindo movimentos antifascistas, intelectuais, líderes religiosos e outros partidos políticos. A ascensão da AfD reflete as profundas divisões e tensões na sociedade alemã contemporânea. A AfD adota uma retórica populista que critica as elites e os grandes negócios, acusando-os de trair os interesses do povo comum. Esse discurso pode, em alguns casos, se sobrepor a críticas comuns em movimentos de esquerda, mas o foco da AfD é proteger os trabalhadores alemães nativos, não promover uma redistribuição ampla de riqueza ou uma economia socialista.

Portanto, embora a AfD possa parecer em alguns momentos adotar políticas sociais que lembram aspetos do socialismo, sua ideologia é fundamentalmente nacionalista, com um foco no protecionismo económico para os cidadãos alemães e uma retórica anti-imigração. As suas políticas refletem um desejo de proteger a "nacionalidade alemã" dentro de um sistema capitalista, o que a distancia do socialismo tradicional.

É compreensível a comparação com o 
Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, ou NSDAP, na Alemanha, dado que o termo "nacional-socialismo" foi associado ao Partido Nazi que governou sob Adolf Hitler de 1933 a 1945. No entanto, embora a AfD compartilhe algumas semelhanças retóricas e ideológicas com o nazismo, como o nacionalismo extremo e a ênfase na identidade nacional, é importante distinguir as diferenças e contextos entre os dois. O nacional-socialismo surgiu em um contexto de crise económica profunda, ressentimento após a Primeira Guerra Mundial e medo do comunismo. O Partido Nazi explorou essas condições para consolidar o poder, adotando uma ideologia de racismo extremo, antissemitismo e militarismo que levou à Segunda Guerra Mundial e ao Holocausto. A AfD, por sua vez, opera num contexto de democracia consolidada, em um país que lida com desafios como a globalização, a imigração e a integração europeia, mas sem o mesmo tipo de crise ou mobilização para a guerra.

O nazismo foi marcado por políticas racistas e genocidas, especialmente contra os judeus, ciganos, homossexuais, pessoas com deficiência e outras minorias. Embora a AfD seja criticada por retórica xenófoba e islamofóbica, não promove explicitamente políticas genocidas. A AfD, por mais controversa que seja, atua dentro do sistema democrático e jurídico da Alemanha moderna, onde as políticas raciais nazistas seriam ilegais e inaceitáveis. O nacional-socialismo combinava elementos de socialismo, como o controlo estatal da economia e programas sociais, com um nacionalismo radical. A AfD, embora populista, não advoga por uma economia centralmente planeada ou pela nacionalização dos meios de produção. Sua abordagem económica é mais próxima do conservadorismo económico tradicional, com um foco em políticas que beneficiam principalmente os cidadãos alemães.

A Alemanha moderna tem um forte compromisso com a memória histórica e a rejeição do nazismo. Há leis rigorosas contra o uso de símbolos nazis e a negação do Holocausto. A AfD enfrenta forte oposição de muitos segmentos da sociedade, incluindo movimentos antifascistas, a imprensa, e outros partidos políticos, que estão atentos a qualquer sinal de que a AfD possa estar indo na direção de um extremismo perigoso.

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