Os pensadores conservadores admitem que os fluxos migratórios nas últimas décadas: de Sul para Norte, e de Oriente para Ocidente -- funcionaram como um catalisador do mal-estar acumulado. Não é um problema fácil de lidar. Mas quem disse que era fácil? Nunca foi nem é em lado nenhum, sobretudo nos tempos atuais em que a imigração ilegal está a ter um crescimento exponencial. E ainda há margem para aumentar. É claro que qualquer Estado de Direito deve ser um Estado forte, mas não autoritário. Deve ser cultivada a ideia de uma cidadania compartilhada, e não de uma nostalgia de uma tradição datada.
Ora, se as migrações não forem tratadas com inteligência ética, económica e cultural, pode tornar-se o pretexto perfeito para regimes autoritários limparem o que resta da democracia. Como se costuma dizer, não queremos muros, mas também não queremos anarquia. O mundo é interdependente e o Ocidente deve acolher com hospitalidade os povos de outras geografias que querem ir para outro país por o acharem acolhedor. De resto, os países ocidentais europeus, devido ao inverno demográfico, precisam de novos povos como de pão para a boca. Portanto, o que se deve fazer é recebê-los com empatia e integrá-los com dignidade, justiça e reciprocidade.
A deriva autoritária, que começa a ser visível em partes dos Estados Unidos, e em alguns partidos políticos da Europa, já está a dar sinais de contágio e normalização muito alargada. O alastramento dessa lógica autoritária na Europa é um fenómeno multicausal, com raízes profundas no medo, na insegurança, na exaustão das promessas do liberalismo, e no colapso da esquerda que se anquilosou em utopias transformadoras que não funcionaram.
Há naturalmente caldos de cultura mais propensos a enveredar por políticas autoritárias. Tal facto tem a ver com o medo de insegurança e atavismos identitários. Muitas populações nativas, ao verem as paisagens das suas cidades serem transfiguradas, sentem que os seus modos de vida estão a ser postos em causa. É um facto que fluxos de imigrantes maciços num curto espaço de tempo, mesmo em grandes cidades como as capitais, ou centros metropolitanos, dificultam o processo da boa integração. Massas populacionais a falarem outras línguas e a praticarem outras regiões a céu aberto. a diferença de paisagem é étnica e cultural, e isso assusta naturalmente os autóctones. E é claro, as pessoas acreditam que o poder político não está a garantir a segurança por benevolência na autoridade. E o medo exige soluções mais drásticas para estancar o clima de impunidade que se vai vendo numa delinquência ou um crime aqui ou ali.
Hoje vai-se ouvindo a cada passo, e com mais frequência, pessoas a desabafarem dizendo que já estão fartas. A democracia liberal está em perigo. Que o voto não muda nada. Que os partidos convergem no jogo das elites tecnocráticas e mediáticas, com as narrativas do politicamente correto e castração da linguagem. Este desgaste abre espaço a uma tentação de vilipendiar a democracia. Há um forte desejo que venha alguém e ponha cobro nisso. Alguém que “resolva”, “imponha”, “limpe”.
A deriva autoritária, que começa a ser visível em partes dos Estados Unidos, e em alguns partidos políticos da Europa, já está a dar sinais de contágio e normalização muito alargada. O alastramento dessa lógica autoritária na Europa é um fenómeno multicausal, com raízes profundas no medo, na insegurança, na exaustão das promessas do liberalismo, e no colapso da esquerda que se anquilosou em utopias transformadoras que não funcionaram.
Há naturalmente caldos de cultura mais propensos a enveredar por políticas autoritárias. Tal facto tem a ver com o medo de insegurança e atavismos identitários. Muitas populações nativas, ao verem as paisagens das suas cidades serem transfiguradas, sentem que os seus modos de vida estão a ser postos em causa. É um facto que fluxos de imigrantes maciços num curto espaço de tempo, mesmo em grandes cidades como as capitais, ou centros metropolitanos, dificultam o processo da boa integração. Massas populacionais a falarem outras línguas e a praticarem outras regiões a céu aberto. a diferença de paisagem é étnica e cultural, e isso assusta naturalmente os autóctones. E é claro, as pessoas acreditam que o poder político não está a garantir a segurança por benevolência na autoridade. E o medo exige soluções mais drásticas para estancar o clima de impunidade que se vai vendo numa delinquência ou um crime aqui ou ali.
Hoje vai-se ouvindo a cada passo, e com mais frequência, pessoas a desabafarem dizendo que já estão fartas. A democracia liberal está em perigo. Que o voto não muda nada. Que os partidos convergem no jogo das elites tecnocráticas e mediáticas, com as narrativas do politicamente correto e castração da linguagem. Este desgaste abre espaço a uma tentação de vilipendiar a democracia. Há um forte desejo que venha alguém e ponha cobro nisso. Alguém que “resolva”, “imponha”, “limpe”.
O autoritarismo é uma resposta emocional às massas assustadas, não é racional. Tal como nas décadas de 1920-30, os populismos autoritários renascem como movimentos emocionais de restauro, com outras roupagens. No panorama europeu atual, a França tem Marine Le Pen normalizada. O Rassemblement National já não é um partido marginal, mas candidato ao poder. Segurança acima de tudo. A retórica é centrada na imigração = ameaça civilizacional. Macron prepara leis migratórias mais duras por medo de perder terreno. A laicidade virou ferramenta de repressão contra expressões religiosas islâmicas. Na Itália Giorgia Meloni está no poder. Chegou a intitular-se neofascista. Agora com verniz institucional, parece uma moderada. Alavanca a Reforma da Constituição para mudar o sistema político e aumentar o controlo. Os ataques à imprensa crítica e organizações humanitárias são frequentes. As políticas migratórias são duríssimas, com externalização de fronteiras (Tunísia, Líbia).
A Hungria tem Órban como modelo. É uma espécie de laboratório autoritário da Europa: censura cultural, universidades fechadas, ONGs perseguidas. Controla quase totalmente a comunicação social. O discurso é abertamente nacionalista: “a Hungria é para os húngaros”. Influencia com mestria outros líderes da Europa Central, como a Polónia. Na Espanha, com intermitências, o Vox espreita. E na Catalunha as tensões são a constante. Acordos locais com os partidos centrais de Madrid normalizaram a agenda autoritária. Rejeição do feminismo, da imigração e da diversidade cultural, como "engenharia social", também faz parte. A Alemanha receia sempre o regresso do demónio. O partido AfD cresce especialmente no Leste (antiga RDA), com apoio acima de 30% em alguns Estados. O programa de deportações em massa já começou. Bem como a ameaça ao sistema judicial e aos direitos das minorias. Vão ocorrendo infiltrações nas forças de segurança, e até forças armadas.
A Hungria tem Órban como modelo. É uma espécie de laboratório autoritário da Europa: censura cultural, universidades fechadas, ONGs perseguidas. Controla quase totalmente a comunicação social. O discurso é abertamente nacionalista: “a Hungria é para os húngaros”. Influencia com mestria outros líderes da Europa Central, como a Polónia. Na Espanha, com intermitências, o Vox espreita. E na Catalunha as tensões são a constante. Acordos locais com os partidos centrais de Madrid normalizaram a agenda autoritária. Rejeição do feminismo, da imigração e da diversidade cultural, como "engenharia social", também faz parte. A Alemanha receia sempre o regresso do demónio. O partido AfD cresce especialmente no Leste (antiga RDA), com apoio acima de 30% em alguns Estados. O programa de deportações em massa já começou. Bem como a ameaça ao sistema judicial e aos direitos das minorias. Vão ocorrendo infiltrações nas forças de segurança, e até forças armadas.
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